Há trinta e três anos, no dia 15 de março de 1980, um coração cansado dos muitos "combates e batalhas" em prol das melhores causas das humanidade parava de pulsar em definitivo, morria o nosso camarada Octavio Brandão.
Sua vida não foi um mar de rosas, pelo contrário, Octavio quase sempre nadou contra a corrente. Mas sua paixão e tenacidade fizeram dele um mestre na superação da dor e dos obstáculos. Foi pioneiro em muitos aspectos, desde sua Alagoas, quando ainda muito jovem abraçou a causa dos camponeses defendendo a reforma agrária e mais tarde propugnando a existência do petróleo em solo pátrio.
No Rio de Janeiro encontrou as duas paixões que atravessariam sua existência: Laura Brandão e o marxismo. Esteve entre os primeiros intelectuais a aderir ao PCB, recém fundado em 1922, e que apesar das muitas discordâncias, foi seu único partido ao longo da vida.
Dos primeiros sucessos nos anos vinte, enfrentando a dura repressão dos governos da República Velha para construir uma ferramenta de luta política dos trabalhadores, o Bloco Operário e Camponês, que elegeu os primeiros parlamentares comunistas no Brasil. Até a derrota na virada da década de trinta, quando viu a direção fundadora do PCB ser atropelada por aventureiros, respaldados pelo Secretariado Sulamericano da Internacional Comunista, que acabariam por levar o partido a uma situação de extrema debilidade.
Deportado em 1931 para a Alemanha com a mulher e as filhas pequenas, consegue se evadir para a União Soviética, onde ficou exilado até o fim da Segunda Guerra. Retorna ao seu país com uma grande perda, sua querida Laura Brandão não pode fazer a viagem de volta, faleceu durante a guerra, vítima de um câncer. Mas Octavio não se entrega e retorna para as batalhas sendo eleito vereador no Rio, mas eram tempos de Guerra Fria e o governo Dutra coloca o PCB na ilegalidade, em seguida os parlamentares comunistas tem seus mandatos cassados.
Mais uma vez Octavio está contra a corrente, perseguido, com a prisão decretada, vive longa e penosa clandestinidade. Não consegue retomar um lugar de destaque no partido e vai sendo relegado ao esquecimento. O amparo da família e dos poucos amigos, ajudam a suportar o ostracismo político e as dores da velhice.
Com tudo isso, no seu balanço final, considerando a trajetória de sua vida, ele não vacilou em afirmar: "valeu a pena".
Até a Vitória, Camarada Octavio Brandão !